sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Minha história vocacional - Minha Ordenação Presbiteral.

"Sejamos um para que o mundo creia" - Jo 17,21

Eu sou Felipe de Assunção Soriano, 33 anos, natural do Recife – PE, filho mais velho do casal Rosa e Wellington e hoje Diácono da Companhia de Jesus – Jesuítas. Nestas poucas linhas, quero partilhar com vocês a minha história vocacional, ou melhor, como compreendo o que Deus veio fazendo em minha vida nestes últimos 14 anos.
Meus pais se conheceram no grupo de Jovens – MJC e, como tantos jovens do seu tempo, cheios de buscas e perguntas, foram desenhando um sonho chamado família. Por causa de meus pais, a Igreja, a vida eclesial... sempre foi a minha segunda casa. Com o tempo, fui crescendo e me tornei como tantos outros jovens um ser inquieto, teimoso e perguntador. Participei de grupo de jovens e, graças à sutileza de minha mãe, fui conduzido à música. Hoje, eu mesmo reconheço que a música é uma das realidades que mais diz de mim mesmo. Como jovem cristão num mundo em transformação, percebi que sem uma espiritualidade forte e em proximidade com os pobres, nada poderia fazer. Neste tempo, fundamos à Conferência Vicentina de São Francisco de Assis e entrei na Liturgia. Contudo, ainda faltava algo... Por onde começar? Tudo era difícil e incerto...
Depois do Crisma, tive a sorte de fazer uma forte experiência espiritual nos Exercícios Espirituais de Sto. Inácio de Loyola. O curioso foi confessar que a grande graça foi ter saído do retiro desolado. Quanto mais resistia à dinâmica, ao diário, ao silêncio e etc., por causa das urgências e afazeres pastorais, mas percebia que Deus me queria ai. Quando voltei à Paróquia, percebi que algo havia mudado. Descobrir a intimidade espiritual que tanto buscava, que me impulsionaria tanto a Deus como aos outros. Descobrir que na minha Betânia também se encontra uma Marta e uma Maria, uma, voltada a Deus, e a outra às coisas (cf. Lc 10, 41-42). Nunca mais consegui rezar novamente sem o silêncio, sem o diário e sem o jeito dos Exercícios.
Ao descobrir os Exercícios pude dar nome aos sentimentos que trazia, pois, no meio de tantas urgências sócio-pastorais, eu tinha que responder o que significava escolher a “melhor parte” (Lc 10,42). Neste novo contexto, o convite insistente do Pe. Mota, que dizia: “dessa casa sairá um padre!” ganhava sentido. O empenho pastoral do Pe. Jaime - que em tudo sonhava uma Igreja mais inculturada, mais brasileira e viva - ganhava um novo brilho. Hoje, depois de tantos anos de formação, só posso afirmar que a vocação é “dom e tarefa”, que, confesso estar recebendo de Deus e que se faz pedido de maior vínculo a serviço da unidade da Igreja. Por isso que ser jesuíta é ser um homem agradecido, porque é neste mesmo mundo desfigurado pelo pecado que Deus nos chama e nos envia.

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